Privilegiar a saúde sexual, reprodutiva e ginecológica das mulheres

Profissional de saúde a olhar para um ecrã no laboratório

Um relatório de 2024 salientou uma estatística reveladora: as mulheres passam 25% mais tempo em más condições de saúde do que os homens, embora a esperança média de vida tenha aumentado em ambos os sexos.1Ainda que a esperança média de vida seja claramente uma métrica fundamental para a saúde da mulher, está na altura de começar a levar a sério determinados problemas que afetam de forma desproporcional as mulheres para assim se combater o problema do tempo passado em más condições de saúde.

Os problemas íntimos de elevada incidência considerados benignos não apresentam limitações para a vida, vergonha ou constrangimento e as consequências da minimização de problemas comuns, tais como a vaginose bacteriana, a hemorragia uterina anormal ou a vaginite podem repercutir-se em anos de desconforto e dor.

As IST são um problema de saúde da mulher

As infeções sexualmente transmitidas (IST) muitas vezes não são consideradas um problema de saúde das mulheres, mas estas são afetadas pelas IST de forma desproporcional.2 Tal deve-se à sua elevada prevalência entre a população feminina, mas também às potenciais complicações que podem levar a dor pélvica crónica e problemas de fertilidade.3

Dados mais recentes do índice global de saúde da mulher da Hologic mostram que apenas 10% das mulheres a nível mundial foram testadas para uma IST no ano anterior, o que significa que quase 2 mil milhões de mulheres em idade reprodutiva correm risco de infertilidade, maior risco de morte materna e do feto e ainda de desenvolver doenças mortais.4

Devemos reestruturar a discussão sobre as IST para que as mulheres tenham consciência dos seus riscos e não tenham medo de fazer testes e procurar tratamento quando necessário.

Normalizar os problemas ginecológicos comuns

Outra questão que não recebe a atenção que deveria é a vaginite, algo que muitas mulheres terão em algum momento da vida.5 Podem existir várias causas para a inflamação.5

Uma das causas da vaginite é a vaginite bacteriana (VB). Embora a VB seja comum e possa não apresentar sintomas na maioria das mulheres, torna-as efetivamente mais suscetíveis a IST e, em caso de gravidez, aumenta o risco de abordo ou parto prematuro.6 No entanto, apesar destes potenciais problemas, a VB pode ser ignorada por mulheres com vergonha dos sintomas ou que os confundem com outros problemas, como a candidíase. Este é um excelente exemplo de uma doença que muitas das vezes não causa problemas de saúde futuros,5 mas cujos sintomas podem ser encobertos e envoltos em estigma.

Temos de melhorar coletivamente a forma como abordamos estes problemas, para que as mulheres em questão procurem ajuda e o tratamento necessário, sem qualquer vergonha.

Levar a hemorragia menstrual intensa (HMB) a sério

A vergonha e o estigma são também característicos da menstruação. Num relatório recente, foi identificada como uma das áreas-chave da educação para a saúde que poderia ajudar as mulheres a identificar o que devem considerar "normal" no seu corpo.1

Sensibilização para a HMB enquanto doença

A investigação da Hologic realizada em vários países permitiu concluir que as mulheres, de uma forma consistente, não tinham conhecimento de que a HMB é considerada uma doença.

68%

das mulheres que tiveram hemorragias abundantes sem se aperceberem no Canadá3

40%

das mulheres já tiverem HMB sem se aperceberem em França7

48%

do total de mulheres inquiridas, não apenas as que têm HMB, da Itália8

36%

do total de mulheres inquiridas, não apenas as que têm HMB, da Espanha9

É fundamental promover a sensibilização para que as mulheres se sintam capazes de procurar ajuda quando precisam. O acesso a informação de qualidade deve ser a pedra angular da melhoria dos resultados da hemorragia uterina anormal (AUB) e da hemorragia menstrual intensa (HMB).

Acabar com o estigma e a vergonha

Temos de melhorar coletivamente a forma como abordamos estes problemas, para que as mulheres em questão procurem ajuda e o tratamento necessário, sem qualquer vergonha. A sensibilização é fundamental, mas devemos também criar espaços seguros para as mulheres para que se sintam vistas e ouvidas quando se trata da sua saúde ginecológica.

    1. McKinsey Health Institute. [Internet] Closing the women’s health gap: A $1 trillion opportunity to improve lives and economies. [Citado em janeiro de 2024.] Disponível em: https://www.mckinsey.com/mhi/our-insights/closing-the-womens-health-gap-a-1-trillion-dollar-opportunity-to-improve-lives-and-economies
    2. Van Gerwen OT, Muzny CA, Marrazzo JM. Sexually transmitted infections and female reproductive health. Nat Microbiol. 2022;7(8):1116-1126
    3. Survey of 1,004 Canadian women aged 18-50+ who experience high menstrual bleeding during 9th-16th February 2018. Ficheiro de Dados Hologic.
    4. Índice global de saúde da mulher da Hologic. Dados globais do 3.º ano. 2022
    5. Geretti AM, Mardh O, de Vries HJC, et al. Sexual transmission of infections across Europe: appraising the present, scoping the future. Sexually Transmitted Infections 2022;98:451-457
    6. NHS. [Internet]. Bacterial vaginosis. [Citado a 22 de outubro de 2022]. Disponível em: https://www.nhs.uk/conditions/bacterial-vaginosis/
    7. Survey of 2,000 women aged 18-55 plus top up to 1,066 French women who have heavy menstrual bleeding during 16th-21st August 2023. Ficheiro de Dados Hologic MISC-09284-FRA-EN Rev 001
    8. Survey of 2,000 women aged 18-55 plus top up to 1,516 Italian women who have heavy menstrual bleeding during 24th-29th August 2023. Ficheiro de Dados Hologic MISC-09285-ITA-EN Rev 001
    9. Survey of 2,000 women aged 18-55 plus top up to 1,382 Spanish women who have heavy menstrual bleeding during 31st March – 14th April 2023. Ficheiro de Dados Hologic MISC-09026-IBR-EN_001_01